8.11.2015

Contagem Regressiva

Década de 1920. Personagem está em uma estação de trem. Faz frio. Cigarro na boca mostra segurança. Casaco preto. Chapéu da época. Sozinho reflete.

 - Em pleno inverno e as horas não passam.

[Ele olha para o relógio de bolso de tempos em tempos]

 - possivelmente esses ponteiros congelaram.
 - Ela nem olhou pra trás. Passou por mim como se eu fosse um...

[Ele olha para o trilho]

- Se ao menos eu tivesse dinheiro
- Casas, cavalos ou escravos...

[Ele acende um cigarro]

- Não se pode ter escravos
- Eu não posso ter escravos
- Seria uma traição às minhas origens

[Aprecia o cigarro]

- Mas aqueles olhos. Azuis.
- Grandes pedras vivas.

[Olha para os trilhos]

- Depois que eu ficar rico
- Volto.

[Cigarro]

- Todos vão lamber meus pés.
- Ela vai me desejar.

[Riso tenso]

- Vou usa-la. E devolvê-la à sociedade
- Jogarei ela no esgoto. Na sarjeta.
- No lugar em que passou por mim.

[Apaga o cigarro]

- Só faltou cuspir.
- Até que enfim. Maldito trem...
- Não tenho tempo a perder...

BLACK OUT

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